segunda-feira, 11 de abril de 2011

Divina Criatura

- Divina criatura!

- Tu já tá meio zureta, né?

- Deixa isso prá lá, o que importa é a sua presença!

- E me larga! Cheio de mé tu fica grudento.

- É que você me causa furores nunca dantes por mim experimentados...

- Vai pastar, professor. Tu sabe que teu figo num güenta mais um gato pelo rabo e continua enchendo os cornos...

- Fígado, minha princesa, fígado! E o importante entre nós não são os órgãos internos e sim os externos, os meus mais externos que os seus.

- Fica dando bobeira com cana que tu acaba de pé junto.

- Vem cá, minha flor, aquece o corpo de quem te quer tanto...

- Já falei prá me largar. Tá com grana hoje?

- Prá você, sempre!

- Carca fora, quarta-feira! Tu já me deu beiço de montão!

- Toma mais um...

- Isso não é beiço, é lábio. Sério, tem algum prá me dar aí?

- Toma, amor de minhápica, é tudo seu!

- Qué isso fessor: quatrocentos contos?! Onde foi que arrumou essa bufunfa toda?

- Não interessa, é tudo seu.

- Mas não é tanto assim! Tu me deve uns duzentinho só.

- É por hoje também e com direito a bônus. Tomei um remedinho que o médico me receitou e já estou no ponto. Hoje não broxo, vou te dar uma canseira.

- E tu vai guentar botar no meu bônus? Com essa manguaça toda tu tá é no ponto de vomitar em cima de mim!

- Bônus não é ânus, bônus é um prêmio extra, uma gorjeta. E não fale assim só porque estou alegre, mais que o habitual. Estou sentindo o calor me arder o rosto, me tomar o corpo e não vejo a hora de dividi-lo com meu anjo núbio.

- Cuidado com essas paradas. Dizem que faz mal com bebida...

- Sem contra-indicações, disse-me o esculápio.

- Quem?

- O médico.

- Tu quer mesmo subir pra cabine?

- Minha deusa etíope, só venho aqui neste lupanar por sua causa e é claro que vamos subir! Aliás, tudo vai subir hoje!

- Xiii... Tá danado! Tu vai é me dar uma mão-de-obra dos inferno! Mamado desse jeito e querendo bancar o garanhão, vai dar merda. Tu não quer ir ao banheiro antes? Enfia o dedo na goela e resolve o primeiro poblema.

- Problema, minha estátua de ébano, problema. Mas qual é o outro? Têm mais problemas?

- Tem sim, e tu sabe! Essa coisa mole aí me deixa com dor na língua e não resolve nada!

- Hoje não, já falei! Vai é te dar prazer, e muito.

- Falou então. Seja lá o que deus quiser, já tá pago mesmo... Vai subindo que eu vou dar uma lavada nas coisas.

- Só água, para manter o buquê.

- Heim?

- Só agua. Pronto.

- Tá, vai indo que eu já vou.

...


- Ôpa, diz aí que tal remédio é esse! Nem cheguei e tu já tá de sentinela? Nunca vi esse troço duro na minha vida!

- Não falei, minha bonequinha de pixe? Gostou?

- Amei! Deixa eu...

- Senta logo, aproveita.

- Que pressa!

- De costas, quero ficar vendo essa magnífica bunda saltitando.

- Ô véio tarado! Deixa eu ajeitar... Assim?

- Tá ótimo. Agora mexe, neguinha safada...


...


- Aiiii! Fessor, cansei. Esse remedinho é bom mesmo! Seu bilau não baixa não?... Professor... Professor...