- Fala.
- Passa a caneta.
- Que caneta?
- A sua, porra!
- Carlinhos, quem tem caneta é você e ela tá no seu bolso.
- Ahn, tá... Então segura o cheque.
- Pra quê?
- Ele tá mexendo, voando...
- Carlinhos, o cheque tá paradinho, no talão, aí na sua frente!
- Mas segura, por favor.
- Tá bom. Mas não quer que eu preencha?
- Na boa!
- Quanto foi a sua despesa?
- Miliquinhas.
- Hem?
- Miliquinhas!
- Carlinhos, vai dizer que você gastou mil e quinhentas pratas com as putas?
- Nããããão! Mil e quatrocentas só, cem é gruja pra moçada.
- Carlinhos, deixa eu ver essa nota aqui!
- Pra quê?
- Me dá aqui, porra!... Olha aqui: você subiu com a menina três vezes...
- As meninas...
- Tá, as meninas. Só aí foram novecentas pratas de puta e cubículo. E o resto que tem aqui na conta de bar, você bebeu?
- Bebi.
- Fala sério, Carlinhos! Quinhentos merréis de bebida?
- Nãããão! Tem a entrada, vê aí, cem prata.
- Tá, quatrocentos merréis de bebida?
- E daí?
- Vai dizer que você bebeu uísque, vodka, vinho e coquetel de frutas?
- Coquetel de frutas é coisa de viado...
- Você bebeu isso?
- Não... Tadinhas, as meninas tavam com sede...
- É, tadinhas... E mataram a sede com vodka? E você, não bebeu nada?
- Bebi, e daí? E o que é que você entende de sede de puta?
- Realmente, nada...
- Assina essa porra desse cheque e vambora!
- Carlinhos, eu vou preencher. Quem tem que assinar é você!
- Tá certo. A ordem dos infratores não altera o produto.
- Toma, assina.
- Segura que ele tá dançando.
- Tá. Mete bronca.
- Pronto! Garranchei legal!
- Vambora, Carlinhos.
- A lá a Débora! Deixa eu me despedir dela.
- Carlinhos!... Putz...
- Tá, tá, já voltei. Vamo nessa.
- Até que enfim!
- Zé, tu sabe que eu broxei nas três vezes? Isso acontece contigo?