quarta-feira, 11 de maio de 2011

Miliquinhas

- Zé.

- Fala.

- Passa a caneta.

- Que caneta?

- A sua, porra!

- Carlinhos, quem tem caneta é você e ela tá no seu bolso.

- Ahn, tá... Então segura o cheque.

- Pra quê?

- Ele tá mexendo, voando...

- Carlinhos, o cheque tá paradinho, no talão, aí na sua frente!

- Mas segura, por favor.

- Tá bom. Mas não quer que eu preencha?

- Na boa!

- Quanto foi a sua despesa?

- Miliquinhas.

- Hem?

- Miliquinhas!

- Carlinhos, vai dizer que você gastou mil e quinhentas pratas com as putas?

- Nããããão! Mil e quatrocentas só, cem é gruja pra moçada.

- Carlinhos, deixa eu ver essa nota aqui!

- Pra quê?

- Me dá aqui, porra!... Olha aqui: você subiu com a menina três vezes...

- As meninas...

- Tá, as meninas. Só aí foram novecentas pratas de puta e cubículo. E o resto que tem aqui na conta de bar, você bebeu?

- Bebi.

- Fala sério, Carlinhos! Quinhentos merréis de bebida?

- Nãããão! Tem a entrada, vê aí, cem prata.

- Tá, quatrocentos merréis de bebida?

- E daí?

- Vai dizer que você bebeu uísque, vodka, vinho e coquetel de frutas?

- Coquetel de frutas é coisa de viado...

- Você bebeu isso?

- Não... Tadinhas, as meninas tavam com sede...

- É, tadinhas... E mataram a sede com vodka? E você, não bebeu nada?

- Bebi, e daí? E o que é que você entende de sede de puta?

- Realmente, nada...

- Assina essa porra desse cheque e vambora!

- Carlinhos, eu vou preencher. Quem tem que assinar é você!

- Tá certo. A ordem dos infratores não altera o produto.

- Toma, assina.

- Segura que ele tá dançando.

- Tá. Mete bronca.

- Pronto! Garranchei legal!

- Vambora, Carlinhos.

- A lá a Débora! Deixa eu me despedir dela.

- Carlinhos!... Putz...

- Tá, tá, já voltei. Vamo nessa.

- Até que enfim!

- Zé, tu sabe que eu broxei nas três vezes? Isso acontece contigo?